Raul

Lá de longe te avistei
Um jeito esquivo e arredio
Abriu aos poucos um sorriso
Raiou-me desvendado, pequeno Raul!


Rogo à Ártemis que te dê muitas luas
À Apolo que te estime e te faça belo
Único e comum dentre os que te cercam
Louvores e graças ao estimado Raul!

As fáceis definições  não o saciava
Preferia o exotérico, o mistério e a raiva
Queria a luta, a contradição e a guerra 
Plantava a metamorfose, e regava sua terra

Nem os bons, nem os maus
Nem os céus, nem os mares
Preferia a ausência ou o caos
O triunfo e a dialética de Ares

Nunca sossegava, nunca se satisfazia

Me cansei de ordenar paz ao meu cérebro
Por fim desisti, e comecei a obedecer o que me dizia.


Ratos e homens, ratos ou homens

Não lhe faltava nem línguas, nem lábios
A luxúria, sua amiga e seu carrasco
Lhe fazia companhia nas noites de sábado
Lhe trespassava o corpo como oferenda à Baco
E por fim, como castigo, o levava ao merecido caos.

Mentia aos homens com a naturalidade dos desesperados
Sedento por euforia e sorrisos vagos
Por tudo aquilo que o fazia esquecer do próprio fracasso
Mentia-se e letargiava-se como todos os homens fracos
Aqueles que fogem do amor, por becos, como ratos.
O que eu busco e conquisto não me satisfaz
A recompensa do feito almejado é fugaz
Volúvel quanto a permanência dos meus sonhos
Que me perseguem, mas desaparecem quando os encontro

Não é grato ser assim
Optar pelo não
Ao invés do sim
Renegar meus objetivos
E fugir para o fim
Me escondendo do mundo
Para me perder em mim